Violência policial ressalta preconceito social contra negros da periferia

São Paulo – A ONG Capão Cidadão realizou no dia  (5) debate sobre violência das abordagens policiais contra jovens negros. Representantes de movimentos sociais ligados à população periférica participaram do evento, que aconteceu na sede do Bloco do Beco, bloco carnavalesco do Jardim Ibirapuera, na zona sul de São Paulo. O debate contou com a participação do rapper Mano Brown, do grupo Racionais MCs e do ativista Sérgio Vaz, da Cooperifa, entre outros.
“Eu não suporto, não tolero mais ficar de cabeça baixa para a polícia”, afirmou Brown, durante o debate, como mostrado em reportagem realizada pela TVT. O rapper ressaltou que a população jovem negra não deve aceitar o preconceito da polícia.
Pedro Henrique Rocha, do coletivo Tamo Vivo, apontou que o racismo está enraizado pelo sistema, e que é preciso “se impor como negro” para combatê-lo.
A ONG Capão Cidadão foi criada em 2000, com o movimento “Não a violência, eu quero lazer!”. O objetivo é resgatar a cidadania para a comunidade do Capão Redondo através do acesso a cultura, esporte e lazer.
Assista a reportagem realizada pela TVT:


Brasil lembra centenário de escritora que definiu favela como quarto de despejo

“Eu denomino que a favela é o quarto de despejo de uma cidade. Nós, os pobres, somos os trastes velhos.” A metáfora é forte e só poderia ser construída dessa forma, em primeira pessoa, por alguém que viveu essa condição. Relatos como este foram descobertos na final da década de 1950 nos diários da escritora Carolina Maria de Jesus (1914-1977). Moradora da favela do Canindé, zona norte de São Paulo, ela trabalhava como catadora e registrava o cotidiano da comunidade em cadernos que encontrava no lixo. O centenário de nascimento de uma das primeiras e mais importantes escritoras negras do Brasil é comemorado hoje (14).
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Nascida em Sacramento (MG), Carolina mudou-se para a capital paulista em 1947, momento em que surgiam as primeiras favelas na cidade. Apesar do pouco estudo, tendo cursado apenas as séries iniciais do primário, ela reunia em casa mais de 20 cadernos com testemunhos sobre o cotidiano da favela, um dos quais deu origem ao livro Quarto de Despejo: Diário de uma Favelada, publicado em 1960. Após o lançamento, seguiram-se três edições, com um total de 100 mil exemplares vendidos, tradução para 13 idiomas e vendas em mais de 40 países.
“É um documento que um sociólogo poderia fazer estudos profundos, interpretar, mas não teria condição de ir ao cerne do problema e ela teve, porque vivia a questão”, avalia Audálio Dantas, jornalista que descobriu a escritora em 1958. O encontro ocorreu quando o jornalista estava na comunidade para fazer uma reportagem sobre a favela do Canindé. “Pode-se dizer que essa foi a primeira [favela] que se aproximou do centro da cidade e isso constituía o fato novo”, relembrou. Ele conta que Carolina vivia procurando alguém para mostrar o seu trabalho.
Ouça áudio da Radioagência Nacional: 
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Uma mulher briguenta que ameaçava os vizinhos com a promessa de registrar as discórdias em um livro. É assim que Audálio recorda Carolina nos primeiros encontros. “Qualquer coisa ela dizia: 'estou escrevendo um livro e vou colocar vocês lá'. Isso lhe dava autoridade”, relatou. Ao ser convidado por ela para conhecer os cadernos, o jornalista se deparou com descrições de um cotidiano que ele não conseguiria reportar em sua escrita. “Achei que devia parar com a minha pesquisa, porque tinha quem contasse melhor do que eu. Ela tinha uma força, dava pra perceber na leitura de dez linhas, uma força descritiva, um talento incomum”, declarou.
Apesar de os cadernos conterem contos, poesias e romances, Audálio se deteve apenas em um diário, iniciado em 1955. Parte do material foi publicado em 1958, primeiramente, em uma edição do grupo Folha de S.Paulo e, no ano seguinte, na revista O Cruzeiro, inclusive com versão em espanhol. “Houve grande repercussão. A ideia do livro coincidiu com o interesse da editora Francisco Alves”, relatou. O material, editado por Audálio, não precisou de correção. “Selecionei os trechos mais significativos. [O texto] foi mantido na sintaxe dela, na ortografia dela, tudo original”, apontou.
Entre descrições comuns do cotidiano, como acordar, buscar água, fazer o café, Audálio encontrou narrativas fortes que desvendavam a vida de uma mulher negra da periferia. “Ela conta que tinha um lixão perto da favela, onde ela ia catar coisas. Lá, ela soube que um menino, chamado Dinho, tinha encontrado um pedaço de carne estragada, comeu e morreu. Ela conta essa história sem comentário, praticamente. Isso tem uma força extraordinária”, exemplificou.
Para Carolina, a vida tinha cores, mas, normalmente, essa não é uma referência positiva. A fome, por exemplo, é amarela. Em um trecho do primeiro livro, a autora discorre sobre o momento em que passa fome. “Que efeito surpreendente faz a comida no nosso organismo! Eu que antes de comer via o céu, as árvores, as aves, tudo amarelo, depois que comi, tudo normalizou-se aos meus olhos.” Para Audálio, o depoimento ganha ainda mais importância por ser real. “Um escritor pode ficcionar isso, mas ela estava sentido”, disse.
Audálio relata que Carolina tinha muita confiança no próprio talento e já se considerava uma escritora, mesmo antes da publicação. “Quando o livro saiu, a alegria dela foi muito grande, mas era uma coisa esperada”, relatou. O sucesso da primeira publicação, no entanto, não se repetiu nos outros títulos. Após o sucesso de Quarto de Despejo, a editora Francisco Alves encomendou mais uma obra, a partir dos diários escritos por ela quando já morava no bairro Alto de Santana, região de classe média. Surgiu então o Casa de Alvenaria (1961) que, segundo o jornalista Audálio Dantas, responsável pela edição do material, vendeu apenas 10 mil exemplares.
Audálio lembra que Carolina se considerava uma artista e tinha pretensões de enveredar por diferentes ramos artísticos. Um deles foi a música. Em 1961, ela lançou um disco com o mesmo título de seu primeiro livro. A escritora interpreta 12 canções de sua autoria, entre elas, O Pobre e o Rico. “Rico faz guerra, pobre não sabe por que. Pobre vai na guerra, tem que morrer. Pobre só pensa no arroz e no feijão. Pobre não envolve nos negócios da nação”, diz um trecho da canção.
Para o jornalista, a escritora foi consumida como um produto que despertava curiosidade, especialmente da classe média. “Costumo dizer que ela foi um objeto de consumo. Uma negra, favelada, semianalfabeta e que muita gente achava que era impossível que alguém daquela condição escrevesse aquele livro”, avaliou. Essa desconfiança, segundo Audálio, fez com que muitos críticos considerassem a obra uma fraude, cujo texto teria sido escrito por ele. “A discussão era que ela não era capaz ou, se escreveu, aquilo não era literatura”, recordou.
Carolina de Jesus publicou ainda o romance Pedaços de Fome e o livro Provérbios, ambos em 1963. De acordo com Audálio, todos esses títulos foram custeados por ela e não tiveram vendas significativas. Após a morte da escritora, em 1977, foram publicados o Diário de Bitita, com recordações da infância e da juventude; Um Brasil para Brasileiros (1982); Meu Estranho Diário; e Antologia Pessoal (1996).
Editor: Lílian Beraldo

Cantor ataca Edir Macedo no “Cidade Alerta”

Funkeiro ataca Edir Macedo no “Cidade Alerta” (Foto: Reprodução/ Record)
Causou um enorme desconforto na Record a edição do “Cidade Alerta” do Espírito Santo na última sexta-feira (7). O policialesco recebeu o funkeiro MC Jefinho Faraó como convidado especial em homenagem ao Dia Internacional da Mulher.
Famoso por seus funks de teor erótico, o cantor apresentou vários de seus sucessos no programa, tudo com direito a coreografia e brincadeiras de Ricardo Martins, apresentador do “Cidade Alerta”. O  infortúnio é que um dos sucessos era um ataque direto ao dono da emissora, Edir Macedo, bispo da Igreja Universal do Reino de Deus.
O caos aconteceu no final do programa, quando o âncora do noticiário, que falou durante váriosmomentos que estava com “dor de barriga”, largou o programa na mão do funkeiro, que seguiu cantando no ar.
Em uma dessas escapadas do apresentador para ir ao banheiro, Mc Jefinho cantou no “Cidade Alerta” um funk com rimas pesadas contra os pastores evangélicos. O refrão da música: “Oooo Pastor Marginal, da Igreja… foi quem pegou nosso dinheiro, pega ele e dá um pau” E seguiu. “Lembro dele no Maracanã, à toa ele sorria, ele ficou rico da noite para o dia”. Na música original, Jefinho fala claramente sobre o líder da Igreja Universal, Edir Macedo.
Segundo o jornal Folha de S. Paulo, o ocorrido gerou uma enorme confusão internamente, que pode acarretar em demissões. Veja o vídeo da participação do funkeiro:


MC Guimê faz ensaio sensual com modelo para revista Sexy


MC Guimê participou de um editorial de moda para a revistaSexy do mês de março. Com o tema Naipe Ostentação, ele foi clicado pelo fotógrafo Andre Arthur, junto com uma modelo.
O cantor também aparece nas imagens sem camiseta, levando uma lambida no rosto da moça que participa das fotos.
A revista Sexy deste mês traz a modelo Katherine Fontenele na capa.

‘Funkeiro’ se entrega à polícia após postar vídeo incitando crime

Thiago Bonfim

Edgar Rodrigues da Silva, de 18 anos, conhecido entre os jovens como ‘MC Edgar’ se entregou a polícia na última sexta-feira (7), após descobrir que estava sendo investigado por um vídeo postado na internet, onde ele fazia apologia ao crime e realizava ameaças a Polícia Militar.
O funkeiro procurou a Seção de Investigações Gerais (Sig) para se entregar e prestar esclarecimentos sobre a música, que, segundo ele, teria sido feita apenas como forma de brincadeira, durante um churrasco entre amigos. “Ele disse que não tinha interesse de fazer apologia ao crime, que apenas estava reunido com alguns amigos em uma pequena festa e que resolveu gravar este vídeo. Ele falou também que não postou o vídeo na internet e alegou não ter ideia de como a gravação foi parar nas redes sociais”, disse o delegado da Sig, Thiago Passos. 
 
O vídeo, que tem vários de acessos na internet, fala sobre crimes de roubos na cidade de Três Lagoas e possíveis ataques contra a polícia. Na letra, um suposto ‘Bonde da Boa Vista’ receberia à tiros de fuzil a Polícia Militar se caso houvesse uma tentativa de intervenção durante seus crimes. De acordo com Thiago Passos, além do crime de apologia, o jovem também irá responder por corrupção de menor já que dois adolescentes, um de 15 e outro de 16 anos,participaram do vídeo. “Esses dois menores também foram ouvidos e disseram que estavam no momento em que o vídeo foi gravado e também se responsabilizaram pela postagem nas redes sociais, segundo eles, foi tudo uma grande brincadeira” disse Passos. Os dois foram liberados e vão responder pelo ato infracional. 
 
Outro caso
Esta não foi a primeira vez que um jovem vai parar na delegacia por fazer apologia ao crime. Em janeiro uma adolescente de 17 anos foi apreendida no bairro Jardim Alvorada após publicar em uma rede social, a seguinte frase:"1 parceiro morto e 5 policias no caixão". A frase gerou vários comentários de apoio e também repúdio pelas redes sociais. A postagem da garota teria sido por conta da morte de dois criminosos durante uma tentativa de assalto áuma residência no bairro Santos Dumont. 
 
A menor foi ouvida pela polícia e confessou a autoria das postagens e disse que fez por brincadeira e que estaria sob efeito de álcool. Neste caso ela também está respondendo pelo ato infracional.  
 
O delegado Thiago Passos afirmou que a polícia também usa a internet para investigar casos como este. “Nós não queremos privar ninguém de se expressar, porém é preciso ficar atento para não cometer crimes. Muitos acham que por estar atrás de um computador, podem incitar o crime e realizar ameaças e nada irá acontecer, eles estão enganados, pois a polícia também usa a internet”, afirmou o delegado.

Tributo a Senna na Sapucaí dá título à Unidos da Tijuca

Escola que homenageou os 20 anos da morte do piloto Ayrton Senna faturou seu quarto título do Carnaval carioca

Uma homenagem diferente a Ayrton Senna que encerrou os desfiles do Grupo Especial do Carnaval do Rio de Janeiro deu também o título à Unidos da Tijuca, após apuração de notas emocionante ocorrida nesta quarta-feira. Com diversas alusões à velocidade e o enredo "Acelera, Tijuca!", a agremiação faturou o tetracampeonato depois de ter prestado um inesquecível tributo ao piloto brasileiro morto há 20 anos, considerado mundialmente um ícone da Fórmula 1. 
Senna, tricampeão da F1 que perdeu a vida em acidente durante o Grande Prêmio de San Marino, morreu em 1º de maio de 1994. O brasileiro bateu sua Williams contra um muro de proteção na curva de Tamburello e não resistiu. Assim, se aproveitando das duas décadas do ocorrido, a Unidos da Tijuca trouxe ao desfile personagens reais e de desenhos animados, além de Viviane e Bruno Senna, respectivamente irmã e sobrinho de Ayrton.
 
Agora, a apresentação das campeãs do Grupo Especial do Carnaval do Rio de Janeiro ocorre no próximo sábado, no Sambódromo. Salgueiro, com o enredo “Gaia – A vida em nossas mãos”, ficou com o vice-campeonato, enquanto a Portela, com "Um Rio de mar a mar: do Valongo à Glória de São Sebastião", acabou em terceiro, sem quebrar o jejum de títulos que perdura desde 1984. União da Ilha, em quarto, e Imperatriz Leopoldinense, em quinto, completaram os líderes. A Império da Tijuca foi rebaixada.
 
A leitura das notas do Carnaval carioca começou movimentada pois, diferentemente do que ocorre em São Paulo nos últimos anos, as agremiações podem contar com a presença de torcida. Assim, gritos e revoltas tomavam conta de cada avaliação dada. Do lado da Vila Isabel, que defendia o título, por exemplo, um protesto tomou conta devido à falha na organização durante desfile da escola, uma vez que os apetrechos atrasaram para chegar na Sapucaí e parte das alegorias foi à avenida com roupas íntimas improvisadas ou apetrechos usados no ano passado.
 
O primeiro item a ser avaliado foi o quesito enredo, que teve bastante rigor por parte dos jurados. Salgueiro, União da Ilha, Imperatriz Leopoldinense e Unidos da Tijuca conquistaram nota máxima, enquanto escolas mais tradicionais e tidas como favoritas, como Beija-Flor, Vila Isabel e Mangueira, perderam décimos importantes. Já no critério fantasias, a então atual campeã Vila Isabel se despediu de muitos pontos devido ao caos ocorrido durante o desfile e praticamente deu adeus ao bi. 
 
Rígidos, os juízes só deram os 30 pontos possíveis no quesito alegorias e adereços à Grande Rio e à Unidos da Tijuca, que então assumiu a liderança, aproveitando também as perdas de décimos por parte dos concorrentes. A surpresa foi por conta da Beija-Flor, que ainda não tinha recebido a nota máxima em nenhum dos critérios avaliados pelos jurados. A escola de Nilópolis só recebeu seus primeiros 10 em mestre-sala e porta-bandeiras, e acalmou o público da escola na Sapucaí - um 9,7 anteriormente gerou revolta. 
 
Unidos da Tijuca continuava soberana na frente, mas samba-enredo, quinto item da lista, mudou totalmente a classificação. Salgueiro brilhou com três 10 e ultrapassou os concorrentes diretos. O fato gerou ironias dos torcedores da escola, que cantaram "Não adianta acelerar, Salgueiro vai te pegar", em alusão à perda de décimos da Unidos da Tijuca, que tem o enredo "Acelera". Em harmonia, os salgueirenses continuaram com a rivalidade aflorada com os carnavalescos da Tijuca por levarem as notas máximas novamente.
 
A diferença de dois décimos obtida até então foi diminuída com a leitura de evolução. Unidos da Tijuca levou 10 em tudo e ficou a um décimo de se igualar a Salgueiro na liderança. Mas a ponta foi novamente retomada pela escola que homenageou o piloto Ayrton Senna com a leitura das notas de conjunto. A Portela entrou de vez na briga pelo título, ficando a apenas dois décimos do líder e incendiando a apuração do Carnaval carioca.
 
A emoção atingiu patamar ainda maior com a leitura das notas de comissão de frente. Unidos da Tijuca e Salgueiro não deram chance para o azar e permaneceram com as notas máximas possíveis, enquanto a Portela perdeu dois décimos e ficou distante da conquista. Mas foi a avaliação de bateria que decidiu o Carnaval do Rio de Janeiro e consagrou de vez a campeã de 2014: a Unidos da Tijuca, que faturou seu quarto troféu - venceu também em 1936, 2010 e 2012.