Jovens da periferia realizam encontro no Villa-Lobos para beber e ouvir funk

Uma grande concentração de adolescentes da periferia, reunidos para "tirar um lazer". Gostam de ouvir funk, utilizam bonés com a aba reta e tênis de marcas esportivas como Puma, Nike e Mizuno.
"Rolezinho" em algum shopping? Não. O encontro na tarde deste domingo (2) foi no parque Villa-Lobos (zona oeste) e reuniu ao menos 300 jovens próximo a Casa do João de Barro, área do parque destinada a piqueniques.
Com idade média entre 17 e 18 anos, os diversos grupos faziam drinks de vodca ou uísque com energético e fumavam narguilés. Alguns acendiam cigarros e maconha. O funk que saía de seus celulares ou das pequenas caixas de som portáteis não era alto o suficiente para alcançar os grupos próximos.
"A gente não vem para atrasar o lado de ninguém, vem só para curtir", conta R., do Jardim D'Abril, bairro de Osasco (Grande São Paulo), sentado na grama com mais seis amigos homens, que dizem ter entre 17 e 18 anos. R. enrola um cigarro de maconha e oferece ao repórter. "Fuma, parça?".
Seu amigo, A., reitera que o grupo não procura bagunça e portanto não costuma ser hostilizado pela guarda do parque. "O segurança vem pedir 'na moral' para a gente parar de fumar quando tem criança perto. Os 'guardinha' 'trampa' na educação".
R. diz não ser adepto dos "rolezinhos", fenômeno paulistano nos shoppings. "Rolezinho não, arrasta demais. Somos só 'pelo certo'."
Duas amigas se aproximam do grupo e, inseguras com a presença do repórter, sugerem aos rapazes mudar de lugar. "Vamos para lá", diz uma. R. responde prontamente "só se prometer que vai me arrumar uma mina". Segundo ele, o "rolê" deles é mais tranquilo, "nada de vir zoar o parque".
"A maioria que cola no mesmo baile que a gente não apoiou o 'rolezinho'", acrescenta A. O jovem desaprova os eventos nos shoppings. "Tem que respeitar quem está lá. Mas onde quer que a gente vá vai ter alguém mal intencionado."
A. acrescenta que "como o funk é visto como coisa de favela", há um preconceito da sociedade. "A gente só vai no baile para curtir e pegar mulher", resume R.
AÇÃO DA POLÍCIA
Por volta das 17h30, policiais militares em um carro e duas motos entraram no gramado onde os jovens se reuniam e circularam por alguns minutos, observando o movimento.
A ação afastou a maioria dos adolescentes, que arrumou suas coisas e deixou o lugar.
"O pessoal ficou meio assim com a PM e deu uma dispersada", afirma M., de Carapicuíba (Grande São Paulo), que seguiu no local mesmo assim, com outros três jovens e suas garrafas de vodca e energético. "A gente só bebe."
Segundo o rapaz, o "rolezinho" no shopping não é seguro. "O pessoal vai mais para bagunçar."
"Sempre que marcam para cá [no parque] a gente vem", conta, referindo-se ao evento, que, assim como os "rolezinhos", foi marcado por uma rede social.

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